Automobilismo

VÍDEO F1-Galvão Bueno relata bastidores pós-morte de Ayrton Senna

Tido como ‘a voz da Fórmula 1 no Brasil‘ para muitos fãs da categoria, Galvão Bueno foi o entrevistado desta semana no programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura, e falou sobre a morte de seu amigo Ayrton Senna, tricampeão da elite global do esporte a motor.

“O acidente [fatal de Ayrton no GP de San Marino de 1994, em Ímola] aconteceu quando estava abrindo a sétima volta. Não me sai da cabeça um erro que cometi. Era uma vontade que eu tinha, assim como milhões de brasileiros, que ele pudesse sair bem. A primeira sensação que tive era: ‘vão tirar ele do carro, ele vai bater a poeira e vai embora’. Mas aquela demora para tirar do carro, aquela coisa mais séria, não deixa ninguém ver, esconde tudo, vem a ambulância, o helicóptero…”, iniciou a relatar Bueno.

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“Tem um momento em que ele mexe a cabeça. E eu digo: ‘Senna mexeu a cabeça, está voltando’. Depois de todas as conversas que tive com o Sid Watkins, que era o médico da F1, aquele foi o estertor da morte. Depois ficamos sabendo que a barra da suspensão quebrou, entrou e saiu”, seguiu o narrador.

“Não tive coragem de vê-lo. Quando chegamos eu, [Gerhard] Berger e Braguinha (amigo de Senna) — fomos no helicóptero do Berger — o Sid Watkins veio na sala falar com a gente e disse: ‘A notícia que eu tenho é a pior possível: ele está morto. O coração bate, mas a morte cerebral já foi determinada faz tempo. Mas posso garantir a vocês que ele não está sofrendo. Não posso impedir ninguém de vê-lo, mas não aconselho’. Na hora, eu disse que não ia ver, o Braguinha também”.

“O Berger falou que queria entrar para ver pela última vez. Botaram uma roupa para entrar na UTI, ele entrou e eu só fui vê-lo três dias depois no funeral. Quando ele (corpo de Senna) sai e o helicóptero decola, eu me lembro direitinho o que disse: ‘Vá, meu amigo, vá com Deus. Seja forte e lute muito. Estamos todos torcendo e rezando por você, o mundo inteiro. Seja forte’. Pela conversa, ele já tinha tido a morte cerebral”, continuou Galvão.

“Na hora, o [Roberto] Cabrini (repórter de F1 da Globo na época) já largou a transmissão, foi para Bolonha no hospital e o contato era muito difícil. Por dois ou três momentos, pedi ao Reginaldo [Leme, comentarista de F1] para tocar [a transmissão], eu precisava ir lá fora respirar, não estava aguentando. Eu tinha que levar até o final, era a minha função”, admitiu o narrador, expondo o peso do momento para ele.

“A corrida seguinte foi em Mônaco. A F1 fez uma homenagem fantástica, porque o local da pole position ficou vazio, era o lugar dele. O pole largou na segunda posição. Na quinta-feira, no primeiro treino, teve um acidente terrível. Aquilo me assustou muito e eu disse: ‘Não, tudo de novo, não’. A corrida seguinte foi na Espanha, teve outro acidente muito forte. Falei: ‘Gente, acho que eu vou parar’. Mas é aquele ‘acho que vou parar’ naquele momento, naquela hora…”.

“Eu sabia que muita história ainda teria que ser contada. Na outra dimensão, onde ele continua brilhando muito, ele não gostaria que eu tivesse parado de transmitir. E foram mais 25 anos”, completou o jornalista.

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