Economia

O que explica a desaceleração da economia chinesa

A China cresceu 5,2% no ano passado, totalizando um PIB de 126,06 trilhões de yuans. O resultado superou a meta estipulada de 5%. Os dados foram divulgados em janeiro e na ocasião, Kang Yi, diretor do Escritório Nacional de Estatísticas do país, destacou que o resultado foi acima do crescimento econômico mundial médio e que também está “entre os mais elevados das principais economias do mundo”. Mas fez uma ressalva: foi um número “duramente conquistado”.

O FMI projeta uma desaceleração do PIB da segunda maior economia global para os próximos anos. A organização prevê um crescimento de 4,6% em 2024 e que em 2028 deve ser de 3,4%. O relatório divulgado pelo fundo no início de fevereiro elencou diversos fatores que vão contribuir para este arrefecimento, como a crise no setor imobiliário e a queda nas exportações.

O crescimento da Índia deve, inclusive, superar o da China. O World Economic Outlook do FMI apontou que a expectativa é que país cresça 6,5% neste ano e em 2025. Filipinas e Indonésia aparecem em segundo e terceiro lugar, respectivamente, e depois vem a China.

A notícia não é necessariamente desastrosa. Isso porque o crescimento menor no longo prazo diz pouco sobre a saúde da economia. “Uma economia muito mais rica que cresce menos tem muito mais do que uma economia pequena que cresce mais. Esse número de 3% [em 2028] só reflete questão estrutural, saudável e esperada. Nada que nos tira o sono”, diz Livio Ribeiro, sócio da consultoria BRGC e pesquisador associado da FGV-Ibre.

O analista ainda explica que o país passa por um cenário de mudanças nos vetores de crescimento, com uma economia menos dependente de grandes investimentos. Isso não é, no entanto, a mesma coisa que dizer que a demanda vai ser menor. É o caso, por exemplo, da demanda por minério de ferro — a China é o principal mercado consumidor do mundo da commodity, que é matéria-prima do aço (muito utilizado na construção civil). As importações bateram recorde em 2023, houve um aumento de 6,6% em relação em relação a 2022.

Roberto Dumas, economista e professor do Insper acredita que, de fato, a desaceleração econômica é esperada. Isso porque o real state (propriedade real, termo relacionado a imóveis ou ativos imobiliários) representa algo entre 30% e 35% do crescimento da China por investimento, e reduzir o investimento em real state é a política do atual governo.


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