
O projeto Montando Laços foi reconhecido, no semestre passado, como grande destaque da Regional Nordeste na Mostra Regional do Práticas Médicas no Sistema Único de Saúde (PMSUS).
A proposta do projeto é criar uma rede de apoio na saúde pública para cuidadores de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), e teve como autores os estudantes Beatriz Batista de Andrade, Caio Rian Silva Meira, Camila Montalvão Ladeia, Isamara de Castro Santos, Maria Eduarda Santos Araújo e Pedro Henrique Fontes Gama, liderados pela enfermeira e preceptora Michelle de Fátima Oliveira Leite.
A UniFG é parte integrante da Inspirali, empresa que atua na gestão de escolar médicas do Ecossistema Ânima. Ela também foi a idealizadora do evento que celebrou a extensão universitária e a integração dos estudantes de Mecidina com a realidade da saúde pública, onde o programa foi reconhecido.
O trabalho inovador foi premiado como o melhor da região, concorrendo com projetos das seis escolas de Medicina da regional Nordeste. O prêmio refletiu o impacto positivo gerado nas comunidades atendidas e o comprometimento dos estudantes e da equipe de preceptoria com a humanização e o acolhimento no cuidado em saúde. O projeto se destacou por oferecer suporte emocional e informacional aos cuidadores, promovendo saúde mental, qualidade de vida e fortalecimento dos laços de solidariedade dentro da comunidade.
De acordo com a enfermeira e preceptora Michelle de Fátima Oliveira Leite, a ideia do “Montando Laços” surgiu após observações feitas pelos estudantes no cotidiano dos atendimentos na Unidade Básica de Saúde Dr. Paulo Vargas, no município de Brumado. O projeto era executado uma vez ao mês, mas elaborado durante toda a rotina de estudos e atendimentos no semestre, com temas escolhidos pelas mães/cuidadores, e direcionamento para auxílio nas condutas no âmbito familiar e um tempo de contemplação e autocuidado de quem cuida.
Numa sensibilidade extrema, que, para mim, vem de um conjunto de traços e qualidades inerentes a eles, os alunos decidiram alcançar/cuidar das pessoas que cuidam. Em uma motivação, que teve também um contexto familiar dos alunos, e devido ao número crescente de crianças com diagnósticos de TEA e TDAH, decidimos montar um grupo na Unidade de Saúde, com auxílio de outros profissionais convidados e com temas criados e desempenhados pelos estudantes, com total autonomia, o que, para nós, é essencial”.
Maria Eduarda Santos Araújo, que cursa o 3º semestre de Medicina, conta que experiências na Unidade de Saúde e vivências pessoais de integrantes da equipe motivaram a criação do projeto.
Nesse contexto, percebemos diariamente os esforços despendidos pelos cuidadores aos seus filhos e, devido à sobrecarga, muitas vezes são invisibilizados e deixam de praticar o autocuidado. Buscamos, através desse projeto, não só acolher, cuidar e levar informações para as mães, mas também criar uma rede de apoio entre elas e para elas”.
Ela ainda destaca o quanto essa experiência contribui positivamente em sua formação.
Para mim, trabalhar com o meu grupo nessa ideia tem sido uma experiência transformadora, tanto em conhecimento teórico quanto humanizado, e permitiu que eu desenvolvesse uma visão ainda mais cuidadosa e compassiva com o próximo. As rodas de conversas são sempre marcantes e, com isso, aprendo cada vez mais a importância do suporte e atenção integral ao paciente e ao cuidado e do quanto isso impacta em suas vidas e repercute em suas relações familiares, que, por vezes, estão fragilizadas. ”
O médico e coordenador do curso de Medicina da UniFG, Irineu Viana, ressaltou que “com um trabalho pautado na empatia e inovação, essa equipe vem transformando vidas e trazendo visibilidade para uma questão tão relevante na saúde pública. O reconhecimento do “Montando Laços” na Mostra Regional do PMSUS reforça a importância da extensão universitária como pilar na formação médica, incentivando o desenvolvimento de iniciativas que promovam o bem-estar social e fortaleçam o SUS. A experiência adquirida por esses estudantes certamente os tornará profissionais mais preparados e comprometidos com a humanização da Medicina. ”
O projeto segue ativo e a pretensão é expandir para outras Unidades de Saúde e alcançar outros bairros da cidade e mais pessoas.