
Na manhã desta quinta-feira (26), morreu aos 80 anos o ator Ney Latorraca, um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira. Internado desde o dia 20 de dezembro na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, Latorraca lutava contra um câncer de próstata diagnosticado em 2019. A causa da morte foi sepse pulmonar, decorrente do agravamento da doença.
O ator foi submetido a uma cirurgia para retirada da próstata em 2019, mas o câncer retornou em 2024 já em estágio de metástase. A trajetória de Ney Latorraca foi marcada por mais de cinco décadas de dedicação ao teatro, televisão e cinema, consolidando seu lugar como um dos artistas mais icônicos do Brasil.
Filho de um crooner e uma corista, Ney Latorraca começou sua jornada artística ainda criança, aos seis anos, em uma radionovela. Seu talento logo o levou aos palcos teatrais. Em 1964, participou da peça escolar “Pluft, o fantasminha”, e aos 21 anos estreou profissionalmente em “Reportagem de um tempo mau”, peça censurada após a primeira apresentação.
Na televisão, deu os primeiros passos em emissoras como TV Tupi e Record, mas foi na TV Globo que se consagrou. Contratado em 1975 para a novela “Escalada”, Ney conquistou o público em produções como “Estúpido Cupido” (1976), “O Cravo e a Rosa” (2000) e “Da Cor do Pecado” (2004).
O trabalho de Ney também brilhou no humor e no experimentalismo, como no programa “TV Pirata” (1988), e em papéis memoráveis como o Vampiro Vlad em “Vamp” (1991).
No teatro, destacou-se em peças aclamadas, incluindo “O Mistério de Irma Vap”, que ficou em cartaz por impressionantes 11 anos e se tornou um marco de sua carreira.
Em um depoimento ao quadro “Memória Globo”, Ney refletiu sobre sua trajetória: “Ator já nasce ator. Aprendi desde pequeno que precisava representar para sobreviver. Sempre fui uma criança diferente das outras: às vezes, eu tinha que dormir cedo porque não havia o que comer em casa. Então, até hoje, para mim, estou no lucro”.
A trajetória de Ney Latorraca deixa um legado profundo para as artes brasileiras. Ele conquistou o coração do público com talento, humor e uma sensibilidade única. O ator, que considerava sua profissão como uma missão de vida, será sempre lembrado como um dos gigantes da cultura nacional.
por Ana Carolina Bastos