No aplicativo de mensagens, as comunidades são chamadas de “servidores”. Em um dos grupos monitorados pela reportagem, com mais de 9.700 pessoas, é possível assistir a aulas de programação que ensinam, por exemplo, como animar uma logomarca ou criar uma peça de roupa para um avatar, bem como trocar experiências em fóruns temáticos, inclusive por chats de voz. Os usuários interessados em demandar e oferecer trabalho anunciam nas páginas “contratar” e “ser contratado”.
“Por enquanto eu só converso pelo Discord. Anuncio meu trabalho para eles verem se sou apto para o que precisam”, escreveu Lucas, de 16 anos, à Repórter Brasil, pelo chat do aplicativo. Os nomes dos adolescentes ouvidos pela reportagem foram alterados para preservar suas identidades.
Dentro de um servidor do Discord, o sistema é bem organizado. Os jovens programadores seguem um modelo preenchendo fichas com nome, especialidades, forma de pagamento e portfólio. A partir daí, as interações acontecem.
“É mais no papo”, explica Beto, sobre as contratações feitas pelo Discord. Aos 17 anos, ele já coordena um time de desenvolvedores. “[A equipe] tem quase a mesma idade que eu. Alguns têm um pouquinho menos, mas a maioria é mais de 13 anos”, ele diz. “É só na base da confiança, acho que até dá para fazer um contrato real, porém, não sei se muitos são a favor”, concorda Lucas.
O sistema de pagamento é variado. Há quem receba por tarefa cumprida. Em alguns casos, crianças e adolescentes chegam a ganhar um valor definido por mês. Em outros, elas só têm a promessa de ver a cor do dinheiro se o jogo vier a dar lucro – a modalidade desperta críticas, uma vez que não há garantias de que uma experiência tenha sucesso na Roblox. “É uma roleta-russa”, compara Lucas.
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