Pela primeira vez na história política de Vitória da Conquista quatro mulheres estão com candidaturas ao comando do executivo municipal. Sheila Lemos (União Brasil), atual prefeita, que busca reeleição; Lúcia Rocha (MDB), vereadora por oito mandatos; a chapa liderada por Waldenor Pereira (PT) traz a advogada e professora da Uesb Luciana Silva (PSB) como vice, enquanto a de Marcos Adriano (Avante) tem como vice a psicóloga e assistente social Ariana Mota.
A primeira mulher a ser candidata à Prefeitura de Conquista como cabeça de chapa foi Margarida Oliveira na eleição do ano 1982. Ela obteve 14 mil votos. O candidato vencedor foi José Pedral Sampaio. Em 1992, Margarida foi vice na chapa de Pedral. Eles ganharam a eleição, mas ela optou por não assumir o posto de vice, preferindo cumprir integralmente seu mandato na Assembleia Legislativa, para o qual tinha sido eleita nas eleições de 1990. Até hoje, Margarida é a única mulher de Conquista a ter sido eleita deputada estadual.
Desde 1840, quando Conquista se tornou município, até os dias atuais, apenas duas mulheres estiveram no comando do poder executivo municipal. A primeira foi Irma Lemos, em 2019, durante a primeira gestão do então prefeito Herzem Gusmão, quando ela assumiu o comando da Prefeitura, ao exercer o cargo de forma interina, na condição de vice-prefeita e substituta legal nos casos de ausência do titular. A segunda mulher foi sua filha, Sheila Lemos, que assumiu em definitivo o comando da Prefeitura de Conquista, em março de 2021, após a morte do prefeito reeleito, Herzem Gusmão, de quem foi vice na eleição de 2020, durante a pandemia.
De acordo com informações da Prefeitura de Conquista, mãe e filha, Irma e Sheila Lemos, foram as primeiras mulheres a exercerem de fato o cargo de vice-prefeitas, sendo eleitas, respectivamente, nas eleições de 2016 e de 2020.
Em 2024, a prefeita de Conquista Sheila Lemos tem pontuado o quanto a presença das mulheres na política é fundamental para a construção de uma sociedade mais equilibrada e inclusiva.
Segundo ela, sua gestão tem ações direcionadas às mulheres, como a primeira Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, a Casa Rosa, o Programa de Dignidade Menstrual, a Sala da Mulher Empreendedora, além do fortalecimento do serviço oferecido pelo Crav, a construção da sala de parto do Hospital Esaú Matos e o Seami, centro de saúde especializado no atendimento de mulheres e crianças. “Nossa cidade ainda é muito conservadora. Ainda é uma cidade com uma raiz muito patriarcal. Mas, com o tempo, nós estamos mudando isso. Acredito que, depois de mim, virão muitas outras mulheres que vão ter a honra de governar Vitória da Conquista”, explicou.
Já a atual vereadora Lúcia Rocha, candidata pela primeira vez à Prefeitura de Conquista, que está na Câmara Municipal há oito mandatos, também reforça o diferencial da presença feminina na política. Há 32 anos, quando assumiu o primeiro mandato, em 1992, era a única mulher no legislativo municipal. “Tenho lutado para que as mulheres tenham mais espaço e voz na política. Nos primeiros mandatos, eu era a única mulher em meio a um grupo predominantemente masculino, o que reforçou minha determinação em promover a inclusão e a participação feminina.”
Para a advogada Luciana Silva (PSB), candidata a vice-prefeita na chapa de Waldenor Pereira, há uma sub-representação feminina na política de Vitória da Conquista, onde atualmente há apenas duas vereadoras no legislativo e três mulheres à frente de secretarias no executivo, e existe a necessidade de que mulheres no poder sejam um trampolim para que outras assumam esses ambientes. “É um dever de todos democratizar esses espaços, mas se espera que as mulheres que ocupam cargos de decisão também abram portas para outras mulheres e representem efetivamente a inclusão feminina.”
A psicóloga Ariana Mota que concorrerá como vice-prefeita na chapa do advogado Marcos Adriano (Avante) reforçou a urgência e a necessidade da equidade de gênero na política. “A mulher tem que ter vez, tem que ter voz, não é simplesmente usar a mulher na política para atingir o número de cotas de gênero, isso é um desrespeito com o que temos a oferecer para a nossa sociedade.”
Em 2024, o primeiro turno das eleições municipais está marcado para 6 de outubro em todo o país. Caso haja segundo turno, este ocorrerá em 27 de outubro. Em Vitória da Conquista, 257.784 pessoas estão aptas a votar.
Em parceria com o site Avoador. Por Rafaella Leite e Rian Borges