Carnes têm maior inflação em quatro anos, contrafilé é principal vilão
Problemas climáticos determinam o resultado. A segunda alta consecutiva no preço das carnes ocorre após seis deflações seguidas, entre fevereiro e julho. André Almeida, gerente responsável pelo IPCA, explica que a forte estiagem e o clima seco contribuíram para a diminuição da oferta das carnes, fator resultante na elevação dos preços com a manutenção da demanda.
É importante lembrar que tivemos quedas observadas ao longo de quase todo o primeiro semestre de 2024, com alto número de abates. Agora, o período de entressafras está sendo intensificado pela questão climática.
André Almeida, gerente do IPCA
Disponibilidade das carnes reflete entendimento do passado. Caio Ferrari, professor de economia do Ibmec-RJ, explica que o produtor de gado define o volume de animais que será disponibilizado ao mercado com base nos preços atuais e nas expectativas para o futuro. Ele destaca que, devido ao ciclo produtivo mais longo das carnes, os preços podem reagir com uma defasagem maior em comparação a outros alimentos.
Levam alguns anos até o abate, o que faz o preço da carne reagir com um pouco mais de defasagem temporal do que alimentos que têm um ciclo produtivo mais curto. Se a carne fica cara, a tendência é que esse cenário se repita por mais tempo.
Caio Ferrari, professor de economia do Ibmec-RJ
Contrafilé ficou 3,79% mais caro e puxou a alta das carnes. Na sequência, aparecem a costela (3,1%), o patinho (3,15%) e a alcatra (3,02%). Também subiram o acém (2,96%), o filé-mignon (2,47%), o coxão mole (2,44%), o cupim (0,46%) e a picanha (0,12%). A relação traz ainda as altas da carne de porco (3,67%) e do fígado (0,83%). As únicas baixas partiram da carne de carneiro (-4,41%) e da capa de filé (-0,59%).
Boi gordo tem o maior valor em mais de um ano. A posição de Ferrari é confirmada pelo tradicional índice de referência da arroba à vista dos animais prontos para o abate em São Paulo, que aparece cotado a US$ 53,18 (R$ 294,2). O valor médio é o maior apurado desde 17 de julho de 2023, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
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