Brasil deve acelerar para se beneficiar de onda de inovação quântica
A partir de 2001, com a criação do Instituto do Milênio de Informação Quântica, um programa do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) financiado pelo Banco Mundial, houve uma expansão nas linhas de pesquisa, abrangendo áreas como a ressonância magnética nuclear aplicada à computação quântica. O Instituto do Milênio formou um corpo de profissionais que, por sua vez, educou muitos dos cientistas em atividade nos dias atuais.
Em 2009, começou a era dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia de Informação Quântica (INCT-IQ), inicialmente financiados pelo MCTI/FAPESP e atualmente sob os cuidados da FAPERJ.
O INCT-IQ consolidou o Brasil como um dos grandes formadores de recursos humanos, reunindo pesquisadores das áreas de óptica quântica, física atômica, física do estado sólido, teoria da informação quântica e ciência da computação. São mais de 20 grupos de pesquisa com mais de cem pesquisadores associados.
Embora tenha formado excelentes pesquisadores, o Brasil não investiu adequadamente em infraestrutura. A carência de laboratórios, salas limpas e equipamentos para trabalhar na escala nanométrica desacelerou o desenvolvimento de soluções locais. Isso teve impacto no desenvolvimento de maquinário e tecnologias quânticas 2.0, levando à dependência de tecnologias estrangeiras, com custos elevados para acessar computadores quânticos de empresas privadas. Mais uma consequência foi a ida de muitos talentos para centros de pesquisa internacionais.
Nossos esforços para reduzir a defasagem em relação aos países que investem mais continuam. Este ano, a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) lançou o programa QuTIa (Quantum Technologies InitiAtive), que visa promover um ecossistema para fomentar a pesquisa científica em diversas áreas relacionadas às tecnologias quânticas 2.0. Sou um dos coordenadores dessa ação que destinará cerca de 150 milhões de reais para impulsionar o progresso de tecnologias quânticas, incluindo sensores, comunicações e computação quântica.
O programa QuTIa objetiva também estimular o desenvolvimento de startups e parcerias com a indústria, criando um ambiente propício para inovação e crescimento econômico. Posicionar-se nessa frente é fundamental. Caso contrário, estaremos mais uma vez perdendo uma grande oportunidade.