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Abortos podem ter ocorrido em decorrência da Febre do Oropouche, afirma virologista

Em entrevista ao Jornal Band News, Andréa Mendonça fala da preocupação do Vigilância Epidemiológica com o aumento do número de casos da doença

Neste ano já foram confirmados 839 casos da Febre do Oropouche em território baiano, segundo a Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab), e também já foram confirmadas duas mortes em decorrência da doença. Esses dados destacam a gravidade dessa arbovirose transmitida pelos mosquitos maruim ou mosquito-pólvora. Para explicar sobre essa doença, nós recebemos no Jornal Band News desta quarta-feira (31), a virologista Andréa Mendonça.

De acordo com ela, a doença chegou ao Brasil na década de 60 e se concentrou inicialmente na região norte, na vegetação da floresta Amazônica, mas, neste ano, o número de casos teve um aumento expressivo. Isso gerou preocupação da vigilância epidemiológica e se agravou quando foram registradas as duas primeiras mortes em decorrência dessa doença no mundo na região sul da Bahia, nas cidades de Valença e Camamu. As vítimas eram duas mulheres jovens, ambas com menos de 30 anos de idade, e sem comorbidades.

Andréa Mendonça explicou os dois ciclos de transmissão da doença: um é o ciclo silvestre, onde primatas são infectados pela doença por mosquitos transmissores, e o segundo é o ciclo urbano, onde o mosquito infecta o ser humano através de picadas.

A pessoa infectada pode acabar sendo assintomática, ou seja, não apresentar nenhum sintoma, mas também pode apresentar sintomas muito parecidos com de outras arboviroses como febre, dor de cabeça, dores nos músculos, nas articulações, ânsias de vômito. A única forma de emitir um diagnóstico da doença é através de exames laboratoriais. Nos dois casos que resultaram em morte, os quadros evoluíram com gravidade, apresentando hemorragia, de forma muito similar com a dengue hemorrágica.

Andréa Mendonça também explicou que, para se prevenir, é necessário utilizar as micro telas de proteção, por conta de o mosquito ser muito pequeno, usar repelente, roupas compridas, não deixar acumular água parada e não deixar folhas e restos de frutas, porque atraem os mosquitos.

De acordo com Andréa, o sistema de saúde brasileiro está se adequando para lidar com o aumento no número de casos: “A gente vê o Ministério da Saúde se organizando, se preparando, informando as equipes de saúde, emitindo alertas epidemiológicos para os médicos, enfermeiros, farmacêuticos, profissionais da área da saúde, para poder ter uma atenção no diagnóstico e na notificação dessa doença”.

Andréa também relatou que algumas infecções em gestantes estão sendo investigadas para descobrir se era a Febre do Oropouche, porque delas sofreram o aborto ou ocorreu a má formação no feto.

Por Matheus Guimarães

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