Bahia

Divaldo Franco morre aos 98 anos e deixa legado de amor, fé e caridade

Fundador da Mansão do Caminho, em Salvador, Divaldo dedicou 78 anos à Doutrina Espírita e ao trabalho social. Velório acontece hoje (14), das 9h às 20h

A Doutrina Espírita e o Brasil se despedem de um dos seus maiores representantes. Morreu aos 98 anos, em Salvador, o médium, escritor, orador e professor Divaldo Pereira Franco. A informação foi confirmada na noite desta terça-feira (13) pela Mansão do Caminho, obra social criada por ele na capital baiana. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos.

O velório será realizado hoje (14), das 9h às 20h, no Ginásio de Esportes da Mansão do Caminho. O sepultamento está marcado para amanhã (15), às 10h, no Cemitério Bosque da Paz.

Desde o início do ano, Divaldo estava afastado das atividades públicas por conta do estado de saúde frágil. Ele havia finalizado um tratamento contra câncer de bexiga e, apesar da boa recuperação, passou a apresentar dificuldades típicas da idade avançada, como problemas de hidratação e alimentação. Por isso, precisou usar sonda para receber líquidos e nutrientes.

Natural de Feira de Santana, Divaldo Franco começou sua trajetória espírita em 1947. Foram 78 anos dedicados à divulgação da doutrina no Brasil e no exterior. Com mais de 11 mil conferências realizadas em mais de dois mil municípios e 70 países, ele é considerado o maior divulgador do Espiritismo no mundo.

Além das palestras, Divaldo psicografou cerca de 300 livros, que venderam mais de 10 milhões de exemplares. Toda a renda, registrada em cartório, é destinada às obras da Mansão do Caminho, instituição fundada por ele e pelo amigo Nilson de Souza Pereira, em 1952, no bairro de Pau da Lima, em Salvador.

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A Mansão do Caminho acolhe diariamente cerca de cinco mil pessoas, com serviços de saúde, psicologia, odontologia, assistência social e educação. Até os anos 1990, funcionou também como orfanato, sendo pioneira no uso de lares substitutos, onde crianças órfãs conviviam em casas com figuras parentais representadas por educadores.

Mais de 600 órfãos passaram pela instituição, que até hoje segue sendo uma referência em promoção social.

Mesmo aos 90 anos, Divaldo mantinha uma rotina ativa. Em entrevista à BandNews FM, contou como superou problemas na coluna após uma viagem exaustiva à Europa e relatou o desejo de continuar espalhando a mensagem de amor e caridade. “Apesar de 90 anos, gosto de estabilidade, de saúde, de bem-estar e, principalmente, de alegria de viver”, afirmou.

Foi esse espírito que o motivou a fundar, em 1998, o Movimento Você e a Paz, iniciativa laica que defende a paz interior como caminho para a paz coletiva. O projeto já passou por 75 cidades no mundo, 60 delas no Brasil, e chegou à 27ª edição em 2024, a primeira sem sua presença, por limitações de saúde.

Divaldo acumulou homenagens e títulos ao longo da vida, como Doutor Honoris Causa pela UFBA e pela instituição canadense Colégio Internacional de Ciências Espirituais. Foi nomeado Embaixador da Paz e da Bondade por entidades internacionais e pediu que não fosse indicado ao Prêmio Nobel da Paz, apesar da campanha feita por admiradores nas redes.

Mesmo com tanto reconhecimento, ele costumava valorizar os que vivem no anonimato. Em uma de suas falas mais lembradas, comparou a vida a um paraquedas que só se abre graças a alguém que o preparou com cuidado, longe dos holofotes. “Você também está dobrando o paraquedas de alguém. Porque a vida é se dar e receber”, disse.

A trajetória de Divaldo foi retratada no cinema com o filme “Divaldo – O Mensageiro da Paz”, lançado em 2019, que mostra desde sua infância pobre em Feira de Santana até a criação da Mansão do Caminho.

Nas redes sociais, a comoção foi grande. O prefeito de Salvador, Bruno Reis, lamentou a perda e destacou o legado de caridade e fraternidade do líder espírita. Artistas como Ivete Sangalo e Carlinhos Brown também prestaram homenagens.

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