O número de homicídios e suicídios de pessoas LGBTQ+ no Brasil aumentou 8,83% em 2024, em comparação ao ano anterior. Segundo o Observatório 2024 de Mortes Violentas de LGBTQ+, foram registradas 291 mortes violentas, 34 a mais do que em 2023.
O levantamento é realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), a organização LGBTQ+ mais antiga da América Latina, que há 45 anos documenta esses dados. Fundado pelo antropólogo Luiz Mott, o grupo começou suas pesquisas em 1980, quando os dados eram coletados manualmente, por meio de recortes de jornais e cartas. “Naquela época, não havia internet, fax ou xerox. Dependíamos de notícias enviadas por leitores e correspondentes”, relembra Mott.
Em 2024, o Brasil registrou uma morte violenta de LGBTQ+ a cada 30 horas: foram 273 homicídios e 18 suicídios. Outros 32 casos seguem em investigação. A pesquisa utiliza boletins de ocorrência, notas da Secretaria de Segurança Pública e matérias publicadas na mídia como fontes.
São Paulo lidera o ranking de estados com maior número de mortes, com 53 casos, seguido pela Bahia (31), Mato Grosso (24), Minas Gerais (22) e Pará (16). Salvador é a capital com mais registros, como destaca Luiz Mott: “Embora a Bahia tenha uma população muito menor que São Paulo, ocupa o segundo lugar em mortes. E Salvador, com toda sua cultura LGBTQ+, lidera entre as capitais.”
O GGB mantém o registro dessas tragédias há mais de quatro décadas, com o objetivo de expor a gravidade da homofobia no país. “Nosso trabalho é essencial para revelar a crueldade da violência contra a comunidade LGBTQ+ no Brasil”, reforça Mott.