Como o senhor avalia então a questão de desburocratização colocado pelo governador?
É um problema real que o Brasil enfrenta, os municípios, o governo do estado, o governo federal. É uma questão cultural, não é uma questão desse governo, todo processo no Brasil é um processo muito lento. Processos de licenciamento, processos de tomada de decisão. Uma das minhas pautas principais tem sido exatamente essa: a de trabalhar para rever normas, portarias, que acabam muitas vezes fazendo com que as coisas se tornem morosas. Já consegui mudar muita coisa, flexibilizar, e acho que essa experiência do Rio Grande do Sul vai servir para que o Estado brasileiro fique mais leve, mais ágil. Mas é uma questão real. Tudo que a gente vai tratar no Brasil acaba sendo mais demorado do que a gente gostaria.
O senhor que está trabalhando diretamente aqui no Rio Grande do Sul, como está sua relação com o governo do estado?
Muito tranquila. O governo federal não tem uma capilaridade da presença de implantar todas as políticas públicas. A parte das rodovias federais e aeroporto a gente responde diretamente ou o tema do Trensurb é nossa responsabilidade. Os demais temas, as políticas públicas são implementadas ou pelos municípios, ou pelo governo do estado. Não existe política pública que o governo federal execute no trabalho de reconstrução. Por exemplo, na saúde, os planos de trabalho são apresentados pelo município, pelo estado, nós aprovamos, liberamos os recursos, mas quem executa lá na ponta não somos nós. Os planos de trabalho da Defesa Civil, tem mais de 906 planos de trabalho já aprovados para reconstrução de pontes, bueiros, estradas, mas quem executa a obra lá na ponta ou é a prefeitura, ou é o governo do estado. Essa relação federativa ela acaba definindo também papéis e responsabilidades.
O Auxílio Reconstrução teve o prazo para cadastro prorrogado algumas vezes, como o senhor avalia os problemas para a execução dele?
Recentemente, uma pessoa dada como morta foi à Justiça para recebê-lo. Esse caso é curioso. São quase 700 mil cadastros, um caso tinha um homônimo. É uma coisa normal, em qualquer concurso ocorrem situações como essa. Nós temos 367 mil famílias que já receberam. Das famílias que estão em análise, a maioria envolve problemas com o cadastro. Vou te dar um exemplo: no Brasil, 16% das famílias são unifamiliares, formadas por uma só pessoa, mas tem cidade que 98% dos cadastros são unipessoais. Então, tem um problema aqui. Se no Brasil 16% das famílias são unipessoais, como numa cidade todo mundo mora sozinho? Vai chegar na cidade, bater de porta em porta, e em cada casa mora uma pessoa? Me parece um pouco improvável. Isso mostra o problema no cadastro. Você tem situações em que 300 famílias foram cadastradas no mesmo endereço, é evidente que esse cadastro não vai ser aprovado. O objetivo do presidente Lula é que todas as famílias atingidas recebam e recebam da forma mais rápida e ágil possível. Quem pode corrigir problemas no cadastro são as prefeituras.
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