O mês de novembro é marcado pelo Novembro Azul, campanha de prevenção e combate ao câncer de próstata.
Em entrevista ao Jornal Band News, nesta quinta-feira (31), o médico oncologista e professor do curso de medicina da Unex, Fillipe Pinheiro, falou da importância de se diagnosticar a doença em seus estágios iniciais.
As campanhas de prevenção, que a gente passou agora no outubro rosa, agora está entrando o novembro azul, é importante pra lembrar mesmo a população da necessidade de realizar exames pra detecção precoce da doença. Quando você pega um tumor de próstata muito inicial, você pode acompanhar, pode tratar, mas as taxas de cura são praticamente 100%“
Ele explicou o impacto para a descoberta tardia do câncer.
Quando esse tumor vai aumentando de tamanho, de estadiamento, o grau dele vai ficando maior, o estágio dele vai ficando maior, você começa a ter mais trabalho pra controlar ele, as taxas de cura caem bastante e você tem que lançar mão de mais armamentário para combater. Então, você pode fazer uma cirurgia, vai precisar de radio depois, ou de quimio, ou hormônio, e aí começa uma série de questões que, além do tumor, você vai ter que fazer colaterais do tratamento”
Foto: Vítor Carlo/ Band Conquista
O médico também relatou o motivo da falta de procura dos homens pelos exames preventivos.
A maioria dos homens, principalmente pelo preconceito do toque retal, de realizar exame de PSA, a maioria, infelizmente, não vai”
Além dos exames de prevenção ao câncer de próstata, Fillipe ainda chamou a atenção para outros exames de prevenção para outros canceres que devem ser feitos pelo homem.
Na população masculina a principal é próstata, depois vem colo, intestino, e aí uma lembrança importante, existe uma prevenção pra tumor de intestino, é uma das prevenções mais efetivas que existe hoje, que é fazer colonoscopia, um exame do intestino é uma endoscopia pelo reto. A partir dos 50 anos todo mundo deve fazer. Outras questões, é passar no dermatologista todo ano, a maioria, principalmente homens, fogem de dermatologista, acham que é coisa de mulher. Mas tumores de pele, tanto melanoma, quanto base celulares, como o celular está presente bastante nos homens. E depois, aí, mais em menor frequência, outros tumores de pulmão, pra aqueles pacientes que fumam, ou pararam de fumar há menos de vinte anos, deveria fazer uma tomografia do tórax a cada ano, durante três anos”
O oncologista também falou que a prevenção para não se ter doenças são as práticas saudáveis, como o exercício físico.
O que previne de não ter doença, porque os exames vão tentar detectar ele no início, e aí aumentar a chance de cura. Mas o que previne não ter doenças, é exercício físico, tentar não ser obeso, não fumar e não beber. Essas quatro coisas diminuem muito a chance de você ter câncer, ou ter infarto, AVC, diabetes, etc”
Fillipe falou da proximidade que médico e paciente têm durante o tratamento e também dos serviços ofertados pela clínica.
Tem, assim, é uma consulta mais longa, normalmente a gente fica muito próximo do paciente, porque a gente vê o paciente uma vez por semana, uma vez a cada quinze dias, ou toda semana, durante meses. A gente fica muito próximo do paciente, da família. Na clínica tem psicólogo, nutricionista, terapeuta, dentista, enfermeiro. É uma equipe grande de gente pra trabalhar, porque não é só tratar ali com remédio e acabou, tem toda uma demanda por trás, tanto do paciente quanto da família”
O avanço tecnológico na área oncológica foi outro assunto abordado pelo médico.
A gente viu uma mudança na oncologia de 2018 pra cá, assim, surreal, coisa de filme. Assim, eu tenho pacientes com tumor de pulmão, melanoma, metastático pra cérebro, pra tudo quanto é lugar, e bem vivo, sem doença, por conta da imunoterapia, que foi descoberta em 2018, os descobridores ganharam o prêmio Nobel da medicina, etc. Então, mudou muito. A questão é que não tá disponível no SUS, e alguns convênios ainda tentam segurar essa coisa, porque é caro, caro, realmente caro. De dois, três anos pra cá, também surgiram anticorpos monoclonais específicos. Você faz um teste genético no tumor do paciente, e você identificando a mutação genética que tem nesse tumor, você consegue, em alguns casos, direcionar o tratamento só pra essa mutação”
O professor expressou que sente falta no ímpeto de seus alunos na resolução de casos médicos mais difíceis.
O que eu sinto mais falta hoje no paciente (estudante), não é nem pra ele ser oncologista, é pra ser um bom médico. É empatia, é empatia no sentido de correr atrás de solucionar um problema. Infelizmente, a maioria dos meus estudantes, eu dou aula nas três faculdades aqui de conquista, são acostumados com coisas mais fáceis. E medicina não é fácil. 80% dos casos vão chegar, são casos clássicos, mas 10%, 5% ali vai precisar de trabalho, de correr atrás, de pesquisar, de ligar pra colega, de discutir com um grupo multidisciplinar, isso, infelizmente, eu sinto falta, da garra de correr atrás”
Confira a entrevista completa aqui:
Por Matheus Guimarães, sob supervisão