
A música brasileira perdeu nesta quinta-feira (1º) uma de suas maiores intérpretes: Nana Caymmi. Aos 84 anos, a cantora faleceu no Rio de Janeiro, onde estava internada desde julho do ano passado na Casa de Saúde São José, no Humaitá, para tratar uma arritmia cardíaca. Segundo o hospital, a morte foi causada por disfunção de múltiplos órgãos.
Nana Caymmi nasceu Dinahir Tostes Caymmi no dia 29 de abril de 1941, dois dias antes de sua morte, no Rio de Janeiro. Filha do renomado compositor Dorival Caymmi e de Stella Maris, Nana cresceu em um ambiente impregnado pela música e logo se destacou com sua voz única. Desde jovem, ela esteve ao lado do pai, Dorival, e aos 18 anos fez sua primeira gravação, participando de um dueto com ele na canção “Acalanto”. A música, escrita por Dorival quando Nana ainda era bebê, se tornaria um clássico infantil que tocou corações por todo o Brasil, com seus versos que se transformaram em cantiga de ninar: “Boi, boi, boi / Boi da cara preta / Pega essa menina que tem medo de careta”.
No início da década de 1960, Nana seguiu seu próprio caminho na música, gravando seu primeiro compacto solo. Mas sua vida tomaria outro rumo em 1962, quando se casou com um médico venezuelano e se mudou para a Venezuela. Embora a adaptação não tenha sido fácil, ela permaneceu na América Latina por algum tempo, retornando ao Brasil no final da década com as filhas Estela e Denise, e grávida de João Gilberto, seu terceiro filho.
A partir dos anos 1960, Nana consolidou sua carreira com uma série de álbuns de grande sucesso. Em 1964, participou do disco Caymmi visita Tom e leva seus filhos Nana, Dori e Danilo, uma obra que não só foi aclamada no Brasil, mas também fez sucesso nos Estados Unidos. Outros discos como Nana Caymmi (1975), Renascer (1976) e Voz e Suor (1983), este último com o pianista César Camargo Mariano, fizeram com que ela se consolidasse como uma das vozes mais expressivas da música popular brasileira.
Sua carreira foi marcada por interpretações emocionantes de clássicos de compositores como Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Milton Nascimento e Roberto Carlos, sempre imprimindo sua personalidade única. Em 1993, gravou o disco Bolero, e em 1994, lançou A Noite do Meu Bem – As Canções de Dolores Duran, que foi amplamente aclamado.
Reconhecimento e últimos trabalhos:
Além de sua aclamada discografia, Nana também teve seu legado reconhecido com importantes homenagens. Em 2004, ela e seus irmãos, Dori e Danilo, foram homenageados com o título de cidadãos baianos, uma justa celebração à importância de sua contribuição cultural.
Nos últimos anos de carreira, Nana continuou a produzir novos álbuns, entre eles Nana, Tom, Vinicius (2020) e Nana Caymmi Canta Tito Madi (2019). A cantora também teve uma vida pessoal marcada por relacionamentos com outros grandes nomes da música, como Gilberto Gil, com quem foi casada de 1967 a 1969, e namorou os cantores João Donato e Cláudio Nucci.
A perda de Nana Caymmi representa o fim de uma era para a música brasileira. A cantora deixa um legado eterno, com sua voz inconfundível e sua interpretação profunda de clássicos da MPB. Ela deixa três filhos e duas netas, e sua obra continuará a tocar corações por muitas gerações.