Algodão brasileiro quer mais espaço na Ásia — e menos no Nordeste
Isso significa que a indústria tem optado mais por uma matéria-prima que contribui para a liberação de microplásticos e vai na contramão da emergência climática. Em contrapartida, o Comitê Consultivo Internacional do Algodão afirma que a fibra natural, além de ser biodegradável, tem maior durabilidade e é capaz de sequestrar carbono da atmosfera.
“O lobby das fibras sintéticas é muito grande, eles têm dinheiro para poder investir nisso, então os representantes das fibras naturais estão se unindo. No curto prazo, é uma preocupação com os custos de produção, mas a longo prazo precisamos manter aos nossa sustentabilidade e mostrar a rastreabilidade”, explica Alexandre Schenkel, presidente da Abrapa, durante o 14° Congresso Brasileiro de Algodão, realizado nesta semana em Fortaleza (CE).
Uma das estratégias para se opor aos tecidos sintéticos é estar mais próximo da Ásia, líder mundial da indústria têxtil. Para isso, o Brasil avalia a construção de um armazém para manter as fibras de algodão diretamente no continente e perto dos compradores.
China, Bangladesh, Vietnã, Turquia, Paquistão, Indonésia, Índia, Tailândia, Coreia do Sul e Egito são o destino de 95% das exportações brasileiras de algodão e 90% das exportações globais da fibra. Schenkel conta que, diante do crescimento das exportações, a expectativa é que a infraestrutura no sudeste asiático saia do papel em 2030.
O assunto é discuto junto à Apexa-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), pois as duas entidades têm em conjunto o programa Better Cotton, com um orçamento de quase R$ 25 milhões válidos por 24 meses. Jorge Viana, presidente da Apex, cogita Kuala Lumpur, na Malásia, para ser o centro de distribuição da commodity brasileira na Ásia.
“Dos 10 milhões de toneladas que se disputa no mercado internacional, o Brasil estava bem atrás dos Estados Unidos e agora está na frente, deve produzir mais de 3 milhões de toneladas no próximo ano. Uma das nossas intenções é ficar com a presença mais forte lá, então isso está sendo analisado”, avalia Viana.
Durante o Congresso do Algodão, o ministro da Agricultura Carlos Fávaro chamou este possível espaço no sudeste asiático de “hub logístico”.
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