
O evento, que une fé, música e identidade sertaneja, atraiu uma multidão estimada em mais de 70 mil pessoas, superando as expectativas da organização.
O palco principal recebeu grandes nomes da música nordestina. Um dos mais aguardados foi Pablo, que emocionou o público com seu arrocha romântico. Antes de subir ao palco, o cantor conversou com a imprensa e destacou seu carinho pelo evento: “Eu estou muito feliz de estar voltando aqui em Cidade de Milagres, ser tão bem recebido. É isso aí, subir no palco agora e colocar a galera pra cantar e se apaixonar”, afirmou.
Sobre o repertório escolhido para esta noite de show, disse que é difícil escolher apenas uma música indispensável, mas mencionou um de seus sucessos: “Pecado de Amor, que eu gosto, eu sou apaixonado também.”
Na sequência, foi a vez de Natanzinho, que levou o público ao delírio com seu repertório envolvente e suas falas cheias de identidade nordestina. Ele trouxe ao palco o tio André, referência para muitos de seus bordões e histórias, e falou sobre a forte conexão com a cultura caminhoneira e vaqueira. “É uma tradição de família há muito tempo. A gente é da capital do caminhão, né? Itabaiana. Nossa família é toda caminhoneira… Meu tio dizia: ‘Uma liga, uma liga’, ‘A vida só é dura pra quem é mole’. Essas frases vêm do rádio, das estradas”, contou o cantor.
Ele ainda destacou como é especial cantar para um público que vive o que suas músicas relatam: “É melhor ainda, né? Se torna até mais fácil, né? Quando a galera já entende, a galera gosta de caminhão… Quando a gente toca aquela música ‘Filha do Patrão’, o povo endoidece mesmo.”
A irreverência também marcou presença. Perguntado sobre o que é mais difícil: mulher bonita ou gado Nelore, Natanzinho brincou: “Os dois, os dois é difícil. Mulher é bom, mas dá um trabalhozinho da gota, viu? E gado Nelore, só tem quem pode. Mulher feia e jegue só aguenta o dono!”
O último dia também contou com apresentações da banda 100 Parêa, que agitou o público com um show cheio de energia, além de outras atrações locais que valorizam os talentos da terra e enriquecem o evento com diversidade musical.
Durante o dia, o clima foi de fé e tradição. A missa campal e a procissão com a imagem do Senhor do Bonfim reuniram vaqueiros e fiéis em um momento de espiritualidade. Em seguida, aconteceram as tradicionais corridas de argolinha no Parque da Argolinha.
Presente no evento, o prefeito de Milagres, Marcos Queiroz, comemorou o sucesso da festa: “A nossa expectativa era de 60, 70 mil, mas ultrapassou com certeza. Esses três dias foram muito gratificantes. Festa tranquila, sem confusão, a paz reinou o tempo todo e fez uma diferença muito grande. Já começa a saudade. Sobre a parte religiosa, ele destacou: “Conseguimos resgatar as tradições, a cultura do município com o desfile com a imagem do Senhor do Bonfim, o trajeto até o Parque de Argolinha… Isso faz diferença. E com a presença do governo, foi melhor ainda.”
A Festa dos Vaqueiros de Milagres se consolida a cada ano como um dos eventos mais importantes do interior baiano, celebrando a identidade cultural do povo sertanejo com alegria, segurança e emoção.
Por Ana Flávia Costa, sob supervisão