O motorista da carreta envolvida no grave acidente ocorrido no último sábado (21), na BR-116, em Teófilo Otoni, Minas Gerais, apresentou-se à Polícia Civil nesta segunda-feira (23). Acompanhado por um advogado, ele compareceu à delegacia da cidade e prestou depoimento, mas sua identidade não foi divulgada. A colisão resultou na morte de 41 pessoas.
O ônibus da empresa Emtram, que fazia o trajeto São Paulo-Elísio Medrado, na Bahia, transportava 44 passageiros, além do motorista, quando colidiu com a carreta. O impacto causou um incêndio no ônibus, destruindo completamente o veículo. Um carro de passeio também se envolveu no acidente ao bater na traseira da carreta.
De acordo com a Polícia Civil, há indícios de que a carreta estava com excesso de peso, o que teria provocado a queda de um bloco de granito na pista, atingindo o ônibus e desencadeando a tragédia. No entanto, testemunhas relataram outra versão: o pneu do ônibus teria estourado, levando o motorista a perder o controle e invadir a pista contrária, onde ocorreu a colisão. Após o acidente, o motorista da carreta deixou o local, e investigações revelaram que sua habilitação está suspensa há dois anos.
No depoimento, o caminhoneiro alegou que o ônibus, que transportava 44 passageiros e seguia para Elísio Medrado, na Bahia, invadiu a contramão após um pneu estourar. Ele afirmou que deixou o local do acidente por estar em pânico e negou que estivesse sem permissão para dirigir, declarando possuir uma liminar que assegurava o direito de conduzir veículos. Após prestar esclarecimentos, o motorista foi liberado e aguarda a conclusão do caso em liberdade.
A empresa Emtram informou, por meio de nota, que o ônibus estava com documentação regular, pneus novos e manutenção em dia, além de trafegar em velocidade compatível com o trecho. A companhia declarou ainda que está oferecendo suporte às vítimas e seus familiares, auxiliando especialmente os que se deslocaram para Minas Gerais.
Entre as vítimas da tragédia, ao menos quatro famílias da Grande São Paulo foram devastadas, deixando três crianças órfãs de pai e/ou mãe.
Laura Amaral, de 8 anos, perdeu os pais, Erinaldo Vieira do Amaral e Anailda Marinho dos Santos, que viajavam de Taboão da Serra para Caraíbas, na Bahia, onde passariam as férias com a família. A menina sobreviveu, mas sofreu queimaduras graves e permanece internada em um hospital na Bahia.
Outro sobrevivente foi Pedro Boldrini, de 7 anos, que viajava com a mãe, Karine Boldrini, e sua companheira, Milena Britto, ambas vítimas fatais. O menino conseguiu se comunicar com os bombeiros após o resgate e forneceu o nome do pai, que foi localizado pelas autoridades.
Ingrid dos Santos, de 13 anos, também sobreviveu ao acidente, mas perdeu o pai, Max Borges dos Santos, que estava sentado na primeira cadeira do ônibus, atrás do motorista. Ambos viajavam de São Paulo para Vitória da Conquista, onde passariam o Natal com a família. Ingrid foi levada ao hospital em Teófilo Otoni e segue internada.
O acidente mobilizou as autoridades e levantou questionamentos sobre a segurança nas estradas e possíveis irregularidades no transporte de cargas. A Polícia Civil de Minas Gerais segue investigando as causas da tragédia, que abalou famílias e deixou um rastro de dor e destruição.
Por Ana Carolina Bastos