Mês da Mulher na BAND FM: Entrevista com Valéria Vidigal
A Band FM dedicou um espaço para celebrar o mês da mulher com uma série de entrevistas especiais. Entre as convidadas, esteve Valéria Vidigal, uma mulher multifacetada: artista plástica, cafeicultora e empresária. Valéria compartilhou um pouco de sua história com os ouvintes e abordou temas, como o aumento do café.


O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo e, ao longo dos anos, tem passado por diversas transformações, tanto no mercado quanto no campo. Com um dos maiores produtores de café, o Brasil tem vivido momentos desafiadores para os cafeicultores, que lidam com problemas climáticos, aumento de insumos e até com o preço do produto.
Em entrevista à Band FM, Valéria Vidigal, artista plástica, cafeicultora e empresária, compartilhou um pouco sobre sua experiência no mundo do café e as mudanças pelas quais o setor tem passado.
Valéria iniciou sua fala lembrando da sua origem no mundo cafeeiro, que vem de uma longa tradição familiar. “Olha, Luciana, o meu avô materno, ele já teve uma torrefadora de café em Viçosa, Minas Gerais, e o papai, ele era professor da Universidade Federal de Viçosa, engenheiro agrônomo, fitopatologista. Então, assim, o mundo do café é desde quando eu nasci”, afirmou, destacando o legado que o café representa em sua vida.
A cafeicultura brasileira, que é uma das maiores do mundo, enfrenta atualmente diversos desafios. O aumento do preço do café, apesar de parecer positivo, tem gerado preocupação nos produtores. “Quando o preço está altíssimo, significa que o ganho vai ser excepcional, mas isso tem preocupado os agricultores. Por que tão caro? Porque para produzir o café, Marcelo, é muito dinheiro. Não é assim que você vai colher uma saca de café hoje com o valor de quase 3 mil reais, principalmente para quem mexe com cafés especiais”, explicou Valéria. Ela ainda complementou, lembrando que os custos de produção também aumentaram devido ao aumento dos insumos.
Valéria também abordou as dificuldades enfrentadas pelos cafeicultores devido às mudanças climáticas e os problemas com seca. “O Brasil é o maior exportador e produtor de café do mundo, e nós tivemos num período que o café estava com preço muito baixo, sem compensar, e nós aqui na Bahia também tivemos problemas de seca, mas somos o quarto estado maior produtor de café do Brasil”, afirmou.
Apesar dos desafios, Valéria vê o café como uma bebida que representa muito mais do que uma simples commodity. “O café é a segunda bebida mais consumida no mundo. Quando você está mal, ninguém fala de você. A nossa cafeicultura passou por problemas seríssimos”, ressaltou, destacando a importância de valorizar o produto e sua qualidade.
Ela também alertou para o consumo consciente e a qualidade do café. “É muito importante que o consumidor fique atento à qualidade do café que compra, se ele é cem por cento arábica. Os cafés especiais são 100% puros, e não podem ter impurezas, como milho de pipoca, por exemplo, que às vezes aparece misturado”, disse, chamando atenção para a necessidade de um consumo mais informado.
Além de ser uma cafeicultora, Valéria é uma renomada artista plástica que utiliza a temática do café em suas obras. “Há mais de 20 anos, eu retrato nas minhas telas o mundo do agronegócio. Eu sou a única artista plástica que pinta exclusivamente a temática do café”, afirmou, explicando como sua arte busca preservar e divulgar a cultura cafeeira.
Ela também comentou sobre seu trabalho recente, que está sendo lançado em um livro. “São mais de cinquenta obras nesse volume dois. Quase cem obras e quase cem poesias, cada uma com uma exclusividade”, disse, destacando o volume de seu trabalho e a relevância da temática do café em sua arte.
Por fim, Valéria falou sobre o significado da “abanação”, um movimento utilizado na colheita do café para remover impurezas dos grãos. “A ‘abanação’ é o movimento que você faz para tirar as folhas e impurezas do café. O café é uma fruta, e o que consumimos é a semente dessa fruta”, explicou.
A arte de Valéria não se limita apenas às telas. Recentemente, ela participou de uma exposição coletiva que reúne sua obra, junto com outros artistas, no prédio da Justiça Federal. “Quero deixar aqui um convite: estamos com uma exposição coletiva lá no prédio da Justiça Federal. A exposição reúne obras de Silvio Gessé, Edmeia de Oliveira e minhas. Está um sucesso e vai até o dia 31 de março”, convidou, com entusiasmo, os ouvintes a visitarem a mostra.
Confira a entrevista completa:
por Ana Flávia Costa, sob supervisão