Conhecida como capital do sudoeste baiano, Vitória da Conquista comemora 184 anos no próximo sábado (9). A cidade é apelidada de “Suíça Baiana” por causa do clima frio durante o inverno, mas também é famosa pelos deliciosos sequilhos.
Vitória da Conquista foi povoada em 1840, já em 1860 ganhou status de cidade. Em entrevista ao Jornal Band News desta segunda-feira (4), o professor Pleno da Universidade do Sudoeste da Bahia (Uesb), graduado em Filosofia, mestrado, doutorado e pós doutorado em Ciências Sociais, Itamar Pereira de Aguiar, falou sobre o processo de emancipação da cidade:
“Em 1970 alguns fenômenos muito importantes fazem com que a cidade tome a proporção de uma média, e podemos já falar, de uma grande cidade na Bahia. E o advento dessa história é efetivamente a transformação da cidade em polo regional, administrativo regional, onde o governo do Estado centralizou diversos órgãos aqui na cidade. A implantação da cafeicultura e a criação da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia”
Por mais que seja conhecida como “Suíça Baiana”, para o professor, a cidade é um verdadeiro retrato da cultura do sertão:
“Na realidade, pra mim, Conquista é uma cidade mesmo catingueira do sertão da Bahia que tem como matriz econômica original a pecuária e, deste fato, da pecuária e da agricultura vão resultando todas as construções culturais que foram inventadas aqui, desde a origem até agora. Ela tem uma forte presença indígena ainda popularmente mantida. Três etnias indígenas praticamente habitaram essa região entre o rio Pardo e o rio de Contas, daqui da Chapada até o litoral de Ilhéus. Os mongoiós, os botocudos e os pataxós. E mais próximo aqui de Conquista principalmente os mongoiós”
O crescimento e a disseminação das religiões na cidade também têm influencia da agricultura e agropecuária, em especial a pecuária, segundo Itamar:
“Pegando pelas igrejas, a igreja católica foi mandada construir por João Gonçalves da Costa e alguns outros fazendeiros que eram católicos. A primeira igreja batista, foi construída por Tertuliano Gusmão, da família Gusmão, que era pecuarista e boiadeiro. Tocava boiada daqui pra Salvador, pra vender lá. O espírito Kardecista surgiu na fazenda de Ernesto Dantas, teve as primeiras sessões lá e depois veio pra cidade. E o povo de santo e os vaqueiros e a população de um modo geral fundaram as religiões afro-brasileiras. Inclusive, por causa dessa tradição, um elemento forte dos terreiros de tradição local é o arquétipo do caboclo boiadeiro por causa dessa influência econômica da economia do boi”
A história de Vitória da Conquista, em especial o viés das religiões, é tema de pesquisas, dissertação de mestrado e a tese de doutorado do professor Itamar. Ele fez um mapa religioso da cidade para entender e conhecer as particularidades das crenças presentes em Conquista.
Confira a entrevista completa aqui:
Por Amanda Motta, sob supervisão