O colunista de Política da Band Bahia, Victor Pinto, comentou nesta sexta-feira (16) sobre a postura de políticos do estado que ainda se declaram “pardos” no cadastro das candidaturas encaminhados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mesmo apresentando traços étnicos ou sendo reconhecidos socialmente como pessoa “branca”.
Entre os políticos, o jornalista citou o caso da prefeita de Vitória da Conquista e candidata à reeleição Sheila Lemos (União Brasil). A prefeita, assim como o candidato Marcos Adriano (Avante), se autodeclararam pardos à Justiça Eleitoral no cadastro enviado para a corrida eleitoral deste ano.
De acordo com Victor Pinto, “essa é uma discussão que resvala no campo ideológico, resvala no campo social, um tema que deve ser tratado com muito cuidado”. O colunista questionou, no comentário, se “as pessoas a reconhecem (Sheila Lemos) como parda”, o que seria uma análise da questão étnica sob o ponto de vista social.
Há, ainda, o outro aspecto da questão que se refere a benefícios concedidos às candidaturas que, de acordo com uma definição estabelecida pelo IBGE, inclui “pretos” e “pardos” na categoria de “negros”. De acordo com a reforma eleitoral, aprovada em 2022, na tentativa de se incentivar a candidatura de negros e mulheres no Brasil, os votos dados a esses públicos contariam em dobro para a distribuição de recursos do Fundo Eleitoral entre os partidos políticos.
Como uma espécie de necessidade de autocrítica por parte dos políticos, dentro deste contexto, Victor usou o exemplo do colega de partido de Sheila Lemos, o atual prefeito de Salvador e candidato à reeleição Bruno Reis que disse, em entrevista à BandBahia, nesta semana, que se autodeclarou branco nesta eleição, diferente do que ocorreu em 2020, quando se identificou como pardo, “para que as pessoas não achassem que ele estaria tirando proveito disso para ter algum tipo de destinação específica no fundo eleitoral, como acusaram o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, na última eleição”. Já o candidato da oposição, na capital baiana, Geraldo Junior (MDB), que também mudou a declaração desta eleição para “branco”, afirmou, também em entrevista à Band, reconhecer que a população o enxerga dessa forma e, por isso, foi necessário modificar a identificação como “pardo” anotada na eleição de 2022, quando foi eleito vice-governador da Bahia na chapa de Jerônimo Rodrigues (PT).
Em Vitória da Conquista, Sheila Lemos rebateu as críticas dos adversários por meio de nota enviada ao site BNews. A prefeita prometeu levar o caso à Justiça, afirmando que as críticas tem caráter “oportunista, preconceituosa e mentirosa”. O texto ressalta que a declaração como “parda” é consequência da forma como ela se identifica, “neta de negros, filha de mãe negra”.
Sheila Lemos complementou: “em todas as eleições que participou registrou sua candidatura na etnia que se enquadra social e parentalmente, de acordo com suas raízes e com as origens familiares que possui. Sou parda, e ao questionarem isso para fazer política de baixo calão, estão resvalando na discriminação contra mim. Já me atacaram muito pelo simples fato de eu ser mulher, agora decidiram não aceitar minhas origens? É pura tentativa de criar fatos em cima dos preconceitos que eles possuem”.
Ao TSE, os outros dois candidatos, Lucia Rocha (MDB) e Waldenor Pereira (PT), se autodeclararam brancos.
Confira o trecho do comentário de Victor Pinto na coluna “Esse é o Ponto” desta sexta-feira (16):